Aterro controlado: o que é, características e como funciona.

Você já se perguntou para onde vai todo o lixo que produzimos diariamente? A gestão adequada dos resíduos é uma questão vital para a saúde do nosso planeta. Nesse cenário, entra em cena o “aterro controlado”, uma solução que busca equilibrar a necessidade de eliminar os resíduos com a preocupação ambiental.

Neste artigo, exploraremos em detalhes o que é um aterro controlado, como ele funciona e por que desempenha um papel crucial na preservação do nosso meio ambiente. Vamos analisar as vantagens e desvantagens desse método de disposição de resíduos, bem como sua relação com outras formas de tratamento de lixo, como lixões e aterros sanitários.

O que é Aterro controlado?

O termo “Aterro Controlado” refere-se a um método específico de disposição de resíduos sólidos, projetado para minimizar os impactos ambientais e de saúde pública associados ao descarte de lixo. Ao contrário dos lixões, nos quais os resíduos são simplesmente despejados a céu aberto sem muita organização ou controle, um aterro controlado é uma estrutura planejada e operada de forma mais responsável.

Em um aterro controlado, os resíduos são depositados em camadas e cobertos regularmente com material inerte, como terra ou areia, a fim de minimizar o acesso de animais e a propagação de odores desagradáveis. Essas camadas de cobertura ajudam a reduzir a exposição do lixo à chuva e ao vento, controlando assim a lixiviação de substâncias tóxicas para o solo e a água subterrânea.

Além disso, os aterros controlados são projetados com sistemas de coleta e tratamento de gases produzidos pela decomposição dos resíduos, como o metano. Isso não apenas evita a liberação descontrolada de gases de efeito estufa na atmosfera, mas também pode ser aproveitado como fonte de energia.

Como é feito os aterros?

A construção e operação de aterros controlados seguem um processo cuidadosamente planejado e regulamentado para garantir a gestão adequada dos resíduos sólidos. Vamos detalhar como é feito o processo de estabelecimento e operação de um aterro controlado:

Seleção do Local Adequado

O primeiro passo é escolher um local apropriado para o aterro controlado. Isso envolve a consideração de fatores como a proximidade a áreas residenciais, a geologia do terreno e a acessibilidade para os caminhões de coleta de resíduos.

Projeto e Licenciamento

Antes de iniciar a construção, é necessário elaborar um projeto detalhado do aterro controlado, que inclui sistemas de impermeabilização da base, drenagem de águas pluviais, sistemas de coleta e tratamento de gases e líquidos, além de medidas de controle ambiental. Esse projeto deve ser submetido às autoridades ambientais e receber as devidas licenças e autorizações.

Construção da Infraestrutura

Com as aprovações em mãos, inicia-se a construção da infraestrutura do aterro. Isso inclui a criação de células ou trincheiras onde os resíduos serão dispostos, a instalação de sistemas de drenagem, a construção de uma base impermeável e a preparação das vias de acesso.

Operação e Monitoramento

Após a conclusão da construção, o aterro controlado entra em operação. Os resíduos são trazidos para o local por caminhões de coleta de lixo e depositados nas células designadas. A operação inclui a cobertura regular dos resíduos com material inerte, o monitoramento da qualidade do lençol freático e a coleta e tratamento de gases gerados pela decomposição.

Encerramento e Monitoramento Pós-Fechamento

Quando uma célula do aterro é preenchida, ela é encerrada e coberta com camadas adicionais de material inerte e solo. Após o fechamento, o aterro ainda requer monitoramento a longo prazo para garantir que não haja vazamentos de substâncias tóxicas ou impactos negativos na área circundante.

Reabilitação do Local

Em última instância, a área do aterro controlado pode ser reabilitada e convertida em outros usos, como parques públicos ou áreas de conservação, uma vez que a decomposição dos resíduos tenha cessado e os riscos ambientais tenham sido mitigados.

Como Funciona um Aterro Controlado?

Como Funciona um Aterro Controlado

Um aterro controlado é mais do que apenas um local de despejo de resíduos; é uma sofisticada obra de engenharia ambiental, meticulosamente planejada para minimizar impactos e tratar resíduos de maneira responsável. Entender como um aterro controlado funciona é essencial para apreciar sua importância ambiental. Vamos explorar seu funcionamento detalhado:

Base Estruturada e Impermeável

O coração de um aterro controlado reside em sua base. Uma camada impermeável de polietileno de alta densidade (PEAD) repousa sobre uma base de solo compactado. Essa estrutura impede vazamentos prejudiciais para o solo, protegendo os lençóis freáticos de contaminação.

Gerenciamento de Líquidos e Gases

O sistema de drenagem de chorume controla os líquidos resultantes da decomposição dos resíduos. Além disso, um engenhoso sistema de drenagem de gases é implementado, permitindo a coleta do biogás – uma mistura de metano, CO2 e vapor d’água. Esse gás é queimado ou usado para gerar energia, contribuindo para a sustentabilidade energética.

Camadas Protetoras e Controle de Águas Pluviais

Cada camada de resíduos é cuidadosamente coberta por argila, impedindo infiltrações. Além disso, um sistema de drenagem de águas pluviais protege o aterro contra a entrada de água da chuva, preservando sua estrutura e prevenindo lixiviação prejudicial.

Monitoramento Constante

Um aterro controlado não é apenas construído e esquecido. Ele é continuamente monitorado para garantir que todos os sistemas estejam operando eficazmente, minimizando os riscos ao meio ambiente.

Segurança e Controle de Acesso

Para impedir acessos não autorizados, todo o perímetro do aterro é cercado. Além disso, a presença de uma guarita assegura a vigilância, enquanto um prédio administrativo e uma oficina garantem a eficiência operacional.

Controle de Entrada e Distância Estratégica

O controle preciso da quantidade de resíduos que entram é garantido por uma balança. Além disso, a localização do aterro é estrategicamente planejada, mantendo uma distância segura de aproximadamente 200 metros de qualquer curso d’água, prevenindo contaminação hídrica.

O que acontece com o lixo no aterro controlado?

No aterro controlado, os resíduos são dispostos em células específicas e cobertos por material inerte, como terra ou areia. Durante a decomposição, são coletados líquidos (chorume) e gases (metano e CO2). O chorume é tratado para evitar a contaminação do solo e da água.

Os gases são drenados e podem ser usados como fonte de energia. O lixo é regularmente coberto para evitar odores e atrair animais. Sistemas de drenagem protegem contra infiltrações e águas pluviais. Profissionais monitoram de perto todo o processo para evitar impactos ambientais.

Qual a importância do aterro controlado para a questão ambiental?

Qual a importância do aterro controlado para a questão ambiental

O aterro controlado desempenha um papel fundamental na questão ambiental por diversas razões:

  1. Redução da Poluição: Ao conter resíduos de maneira controlada, o aterro minimiza a poluição do solo, água e ar, evitando a disseminação de substâncias tóxicas e gases prejudiciais.
  2. Preservação dos Recursos Naturais: A gestão adequada dos resíduos no aterro contribui para a preservação de recursos naturais, como água e solo, ao evitar a contaminação por lixiviação.
  3. Controle de Gases de Efeito Estufa: A coleta e tratamento do biogás (metano) produzido no aterro reduzem significativamente as emissões de gases de efeito estufa na atmosfera, ajudando no combate às mudanças climáticas.
  4. Proteção da Biodiversidade: Ao evitar a contaminação de ecossistemas próximos, o aterro controlado preserva a biodiversidade, protegendo plantas, animais e microorganismos do impacto nocivo dos resíduos.
  5. Saúde Pública: A gestão adequada de resíduos no aterro controlado reduz os riscos para a saúde pública, evitando a propagação de doenças e a poluição de fontes de água potável.
  6. Conscientização Ambiental: Ao adotar práticas responsáveis de gestão de resíduos, o aterro controlado promove a conscientização ambiental na comunidade, incentivando a redução, reutilização e reciclagem de materiais.
  7. Promoção da Economia Circular: O aterro controlado contribui para a transição para uma economia circular, onde os resíduos são vistos como recursos valiosos que podem ser recuperados e reintegrados no ciclo produtivo.

Vantagens do Aterro Controlado

O aterro controlado oferece vantagens importantes para a gestão de resíduos. Ele ajuda a reduzir a poluição ambiental ao evitar que substâncias tóxicas dos resíduos contaminem o solo, a água e o ar.

Além disso, o controle rigoroso do biogás, um subproduto da decomposição dos resíduos, minimiza as emissões de gases de efeito estufa, auxiliando no combate às mudanças climáticas. O aterro controlado também protege a saúde pública, impedindo a propagação de doenças relacionadas ao acúmulo inadequado de resíduos.

Desvantagens do Aterro Controlado

Apesar das melhorias em relação aos lixões, o aterro controlado ainda possui desvantagens. Existe o risco de vazamento de substâncias tóxicas para o solo e a água subterrânea, prejudicando os ecossistemas. Além disso, a decomposição de resíduos orgânicos pode gerar odores desagradáveis e atrair pragas, criando desconforto para as comunidades vizinhas.

O espaço limitado disponível para a construção de aterros controlados é uma preocupação, já que áreas apropriadas para disposição de resíduos estão se tornando escassas. Adicionalmente, se o biogás não for coletado e tratado de forma eficaz, pode contribuir para a poluição atmosférica, afetando a qualidade do ar.

Assim, embora seja uma melhoria em relação aos lixões, o aterro controlado ainda enfrenta desafios ambientais significativos que necessitam de atenção na gestão de resíduos.

Qual é o tempo de vida útil de um aterro?

Um aterro sanitário tem uma vida útil limitada, geralmente de 10 a 15 anos. Após esse período, as atividades são interrompidas e o espaço é recuperado, muitas vezes por meio de reflorestamento. É essencial reduzir a quantidade de materiais dispostos nos aterros, pois a capacidade é finita. Quando um aterro é encerrado, um novo precisa ser planejado para atender à demanda em curso.

O que é a norma NBR 8849?

A Norma Brasileira NBR 8849 é um documento técnico elaborado pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) que estabelece os requisitos para a construção e operação de aterros controlados de resíduos sólidos.

Essa norma define padrões e diretrizes para garantir a segurança ambiental e a eficiência na gestão dos resíduos depositados nos aterros controlados no Brasil. Ela abrange aspectos como projeto, construção, monitoramento, encerramento e pós-encerramento de aterros controlados, contribuindo para práticas mais sustentáveis e responsáveis na disposição de resíduos.

Desafios e Progressos na Gestão de Resíduos no Brasil

Em 2022, o Brasil se destacou como o quarto maior gerador de resíduos no mundo, produzindo cerca de 82 milhões de toneladas, um aumento de 3,8% em relação aos 79 milhões de toneladas de 2020. No entanto, apenas 4% desse volume foi reciclado, evidenciando uma deficiência significativa nas práticas de reciclagem e gestão sustentável de resíduos.

A análise da destinação dos resíduos urbanos coletados, que somam 72 milhões de toneladas por ano, revela que 17,5% são depositados em lixões a céu aberto, contribuindo para problemas ambientais e de saúde pública.

Por outro lado, 23% dos resíduos são encaminhados para aterros controlados e 59,5% para aterros sanitários, mostrando esforços para melhorar a gestão de resíduos, mas ainda destacando a necessidade de estratégias mais eficazes e sustentáveis.

O cenário dos resíduos de construção civil e demolição (RCD), com uma produção de 45 milhões de toneladas em 2022, demonstra uma redução de 1,8% em comparação ao ano anterior, indicando uma tendência de diminuição na geração desse tipo de resíduo.

Esse panorama no Brasil ressalta os desafios na administração e tratamento de resíduos, enfatizando a urgência de adotar práticas mais sustentáveis. A reciclagem, como uma ferramenta crucial ainda subutilizada, representa um campo significativo para melhorias.

Transformar os sistemas de gestão de resíduos, focando na maximização da reciclagem, é essencial para alinhar o Brasil com práticas ambientais sustentáveis e garantir um futuro mais promissor para as próximas gerações.

Diferença Entre: Lixões x Aterros

A comparação entre lixões, aterros controlados e aterros sanitários revela diferenças significativas em termos de impacto ambiental, requisitos técnicos e eficácia na proteção da saúde pública:

Lixões

São áreas de disposição final de resíduos a céu aberto, sem nenhum tratamento ou preparo do solo. Essas áreas não possuem sistemas de tratamento para o chorume ou os gases gerados pela decomposição dos resíduos, levando à contaminação do solo, das águas subterrâneas e à emissão de gases de efeito estufa. Além disso, atraem vetores de doenças e geram riscos à saúde das pessoas que ali buscam materiais recicláveis​.

Aterros Controlados

Representam uma forma intermediária entre os lixões e os aterros sanitários. Apesar de receberem uma cobertura de solo que minimiza o impacto visual e o mau cheiro, não possuem uma base impermeabilizada, o que permite a contaminação do solo e das águas subterrâneas pelo chorume.

Embora haja alguma tentativa de controlar a emissão de gases, esses locais ainda apresentam riscos significativos ao meio ambiente​.

Aterros Sanitários

São instalações projetadas sob rigorosos critérios técnicos para minimizar os impactos ambientais e proteger a saúde pública. Incluem a impermeabilização do solo para prevenir a contaminação por chorume, sistemas de tratamento de chorume e de captação e queima de biogás para reduzir a emissão de gases de efeito estufa.

Além disso, o lixo é coberto diariamente para evitar odores, a proliferação de vetores de doenças e a poluição visual. Os aterros sanitários representam a opção mais segura e ambientalmente correta para a disposição final de resíduos urbanos​.

Avanços e Desafios na Gestão de Resíduos Sólidos: O Papel da PNRS

A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), estabelecida pela lei nº 12.305/2010, constitui o marco legal para a gestão de resíduos no Brasil. Seu propósito é orientar práticas de diminuição, reutilização, reciclagem e tratamento de resíduos, além de promover a disposição final adequada de materiais que não podem ser reaproveitados.

A PNRS é pioneira ao introduzir a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, além de exigir a implementação da logística reversa em certos segmentos industriais, sublinhando a necessidade de processamento e destinação apropriados dos resíduos.

Um dos principais alvos da PNRS é a erradicação dos lixões, favorecendo a criação de aterros sanitários. Estes aterros são projetados para reduzir o impacto ambiental, especialmente em relação à contaminação do solo e das águas subterrâneas, marcando um progresso notável em comparação aos métodos anteriores.

Contudo, a implementação da PNRS enfrenta desafios significativos, incluindo a necessidade de aprimoramento na gestão municipal dos resíduos, investimentos consideráveis em infraestrutura, e a efetivação da logística reversa. Muitos municípios, particularmente os de menor porte, encontram obstáculos decorrentes de capacidade institucional limitada e de recursos financeiros escassos.

A efetividade da PNRS requer uma atuação conjunta entre governo, setor privado e sociedade civil, buscando avançar em direção a uma administração de resíduos mais sustentável e promover a economia circular. Este esforço colaborativo é fundamental para transformar a gestão de resíduos no país, alinhando-a com práticas ambientais responsáveis e sustentáveis.

Conclusão

Em um mundo onde a gestão responsável dos resíduos é essencial, os aterros controlados emergem como uma solução intermediária entre lixões e aterros sanitários. Apesar de oferecerem melhor controle ambiental em relação aos lixões, eles ainda possuem limitações e prazos de vida útil finitos.

Portanto, é crucial investir em práticas de redução, reutilização e reciclagem para prolongar a vida dos aterros controlados. Além disso, é imperativo avançar em direção a alternativas mais sustentáveis, como os aterros sanitários, para proteger nosso meio ambiente a longo prazo.

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Pedro Silva

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